Vez ou outra em minhas leituras, me pego presenciando umas coisas que me enoja, a romantização dos abusos. São livros que falam de amor verdadeiro, mas que em determinados momentos algumas ações, completamente descabidas acontecem. E o pior é que acontecem de forma romantizada.
Os livros são reflexões da realidade. Mas a que ponto essas historias influenciam a realidade? Historia sobre amantes que manipulam seu parceiro, agridem verbalmente e agem de forma não saudável, e exigem parceiras submissas e passivas, até que ponto influenciam a aceitação da violência a neutralização dessa violência na vida de todas as mulheres?
São livros para mulheres escritas por mulheres. Onde muitas e mutias vezes romantizam ao extremo a violência e o assedio cometido pelos príncipes encantados. São namorados que as amam para sempre, mas que sente ciumes excessivo e age de forma extramente controladora. Controlando roupas que a mocinha irá vestir, com quem sai, com quem conversa e até o que come. Mas é normal né? um preço a pagar por um amor tão verdadeiro e raro de um cara tão bonito e gostoso.
São homens tidos como exemplo para mulheres se relacionarem, e que estão completamente em desacordo com os princípios éticos e morais de um relacionamento saudável entre dois seres humanos. Eu não consigo entender ainda como alguém, uma mulher que consegue ler um livro cheio de violência contra seu gênero e ainda se apaixona pelo agressor. Mas acontece.
Mas muitas engolem, e gostam do sabor. Direito de escolha, livre arbítrio. Será que da pra salvar um rato que se apaixona pela ratoeira?
Vivemos em uma sociedade de liberdade de escolha, onde você pode agir como quiser, com consentimento na hora do sexo e de um relacionamento. Ninguém tem o direito de tirar suas mordaças se você não quiser ser livre, não é mesmo?
Mas algumas coisas não podem passar batido, a humilhação de outro ser humano e o controle excessivo vão contra os princípios da integridade de um ser humano. Não importa se o príncipe gostoso apanhou, foi molestado ou maltratado, ele não tem o direito maltratar ninguém, muito menos de quem o ama. E muitas vezes as mocinhas aceitam como característica de personalidade. Mas parte desse problema, é o esteriótipo de mocinha virgem casta submissa sem vontades próprias que se entrega de corpo e alma ao mocinho, que pode ou não ser um babaca.
Para evoluir acrescentar nessa discussão, convidei uma amiga, que também é escritora de historias, que assim como Cinquenta Tons de Cinza, é derivado de uma fanfic. Ana Flavia Alvarenga Bittencourt;
Cinquenta Tons porque a coisa está romantizada.
O título do post me chamou a atenção e acho que realmente faz algum sentido. Mas também acredito que eles sejam mais uma consequência do desejo recalcado das mulheres (que aí diz respeito ao psiquismo de cada uma), do que vice versa. Mas de qualquer forma, o debate e o questionamento em relação a isso é muito bom. Parabéns pelo post!!!
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Sim, entendo sua versão, pode ser mesmo! Mas livro é algo que molda muitas idéias e sair pregando algumas delas pode ser ruim para algumas pessoas
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Sim, também concordo com vc!
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Simplesmente perfeito, e mulheres morrem de amores por ele e acham o livro LINDO, uma história de amor. Nunca li, nunca tive vontade, mas minha amiga leu e até debocha desse povo, diz que de amor não tem nada, mas olha o esteriótipo do cara: bonito e rico, do tipo que as mulheres babam.
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Sim, se o cara é bonito e rico e tem uma fixação por você é amor verdadeiro e deixe ele abusar o quanto quiser de você
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Exatamente, vai perder esse homem? Infelizmente é assim que muita gente pensa 😦
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Que bom ver que, apesar desse tipo de livro ter um público, parte dele tem senso crítico. É muito triste ver autoras se prestando a esse papel execrável de criar histórias romanceando a violência, tratando-a como algo normal. É preciso combater esse tipo de coisa, e não incentivar. As mulheres devem ser livres e não submissas, dependentes de outra pessoa para se sentirem amadas. Amor próprio em primeiro lugar 😉
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Exatamente Nathália, e entender que ninguém pertence a ninguém, amor próprio em primeiro plano sempre
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Adorei o texto! Já tinha lido alguns com o tema parecido mas todos condenavam o BDSM e não a forma como o livro o representou, o que acaba como uma condenação às pessoas que o praticam (que já se pronunciaram falando que o livro representou tudo errado e que na realidade, consentimento é uma parte muito importante).
Inclusive vi alguém falando sobre a ideia do livro ter saído do filme “Secretária” (onde tem um advogado chamado Grey e sua secretária), mas esse filme consegue mostrar toda a questão de submissão/dominância sem abuso.
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quando 50 tons estourou trazendo à tona, consequentemente, vários outros livros com a mesma premissa, resolvi lê-lo para saber bem do que se tratava. No fim não consegui passar da metade do livro 1, as páginas gritavam para mim “TEM ALGO MUITO ERRADO AQUI”.
Não sou adepta à ideologias e nem defensora de A ou B, mas acredito que o respeito é a base para todo e qualquer relacionamento, seja ele amoroso ou não, e RESPEITO certamente não é algo retratado nesse tipo de literatura. Depois de tanto tempo ainda me surpreendo ao ver meninas suspirando pelo estereótipo Gray e alegando que ali há uma verdadeira história de amor. Infelizmente esse pensamento doentio está sendo embutido na mente das pessoas disfarçado de “romance moderno”. O que realmente é uma pena.
Mas é como você disse… Como salvar alguém que não quer ser salvo?!
Bom Post Bea (:
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Querendo ou não isso mostra a nossa realidade, a pessoa por medo de ficar sozinha acaba entrando em um relacionamento abusivo.
Ótimo texto
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