Temporada de Acidentes – Resenha

Fazia um tempo que estava de olho nesse livro, com uma premissa interessante de uma família “amaldiçoada” por essa estranha situação onde todo mês de outubro acidentes terríveis os assolam. Tendo que vestir diversas camadas de roupas, encapar os moveis, desligar os eletrodomésticos da tomada e ficar longe de qualquer coisa que possa causar um possível acidente.

Eu gosto muito de folclore, sobrenatural e fantasia em livros. Gosto quando a realidade se choca com o desconhecido fantástico e toma rumos peculiares. Em Temporada de acidentes vemos muito da realidade se entrelaçando com a fantasia, tudo isso partindo das impressões e visões da personagem principal Cara.

“Sinto como se as proteções espalhadas pelos móveis da casa fossem me sufocar, como se não houvesse ar suficiente para respirar. Tenho a impressão de que muita coisa não está sendo dita. Acho que minha família toda é assim: evitamos falar das coisas sobre as quais não podemos falar e cobrimos cada superfície para nos proteger do momento inevitável em que tudo virá à tona.”

Cara tem 17 anos, uma irmã, Alice, de 18 bonita e popular, um meio irmão, Sam postiço, uma mãe excêntrica e uma melhor amiga chamada Bea que le cartas de tarot. Ela tem uma vida aparentemente muito comum para uma jovem da irlanda, que é onde nossa historia se passa. Apesar da bizarrice dos acidentes tudo sempre foi bem normal, apesar de tragico.

Seu pai morreu há algum tempo, seu tio e seu avó, todos no mesmo mes, a temporada de acidentes. Existe também um ex padastro que sumiu sem deixar vestígios deixando para trás seu filho Sam.

“Tento me convencer de que não acredito que, todo ano, durante um mês, minha família fique inexplicavelmente mais propensa a sofrer acidentes. Tento fingir que não me lembro dos acidentes — os grandes, os graves — nem das tragédias do passado.”

Mas essa temporada de acidentes será uma das piores segundo as cartas de Bea, e tudo anda muito estranho. Principalmente quando ela perceber que sua amiga de infancia Elsie aparece em todas as suas fotos, desde as de bem pequena até as tiradas em sua casa. Mas o mais estranho é que quando Cara vai procurar Elsie para exigir algum tipo de resposta, a menina some sem deixar vestígios.

A estória de Moïra Fowley-Doyle é bem intrigante, com uma escrita criativa e poética as vezes ela te introduz a esse mundo bem estranho onde coisas bem estranhas acontecem. O livro é curto, e as coisas acontecem bem rápido, existe muito drama entre os personagens além do conflito principal.

“Então, brindemos à temporada de acidentes, ao rio que corre sob nossos pés, onde naufragamos nossas almas, aos hematomas e aos segredos, aos fantasmas no sótão, mais um brinde à estrada de água.”

Gostei muito do estilo da autora, e pretendo ler outras coisas dela, se ela escrever. Gostei da ambientação não ser o chato estados unidos, que confesso estou muito cansada de ler.

Mas senti alguns probleminhas na trama, principalmente no final, nas explicações que a autora nos da. Vi novamente aquele problema de o início ser super exitante e cheio de oportunidades, mas que a explicação final nos da um banho de água fria e acaba com nossas expectativas. E olha que eu comecei o livro sem nenhuma, foi a autora que me deslumbrou e decepcionou posteriormente.

Bem, acontece que eu também fiquei um pouco intoxicada com tata fumaça do livro, digo isso porque os personagens (todos de 17-18) fumando mais do que chaminés o tempo todo. Alem de beberem e ficarem noiados também. Gostei da liberdade da escritora para trabalhar com alguns temas como homossexualidade, um pseudo incesto, bebidas e drogas. Só que nesses últimos acredito que foi um pouco longe, um pouco demais. Será que todos os jovens irlandeses fumam e caem de bêbados desde muito cedo?

Mas voltando para o problema das explicações, eu senti que tudo foi muito vago. As explicações satisfizeram os personagens mas eu continuei com um grande ponto de interrogação( além da decepção). Não me levem a mal, o livro tem uma delicia de escrita, ótimas coisas como a caixa dos segredos e as fantasias. Mas pouco, muito pouco foi explicado completamente. Existiu uma submersão de problemas que estavam entre linhas que é o que bons livros fazem mas foi só.

Enfim, acredito que não é um livro ruim, mas dentro do tema proposto e das invenções da primeira metade de livro, o fim foi insatisfatório. Porem pode agradar a muitos.

Informações técnicas: Temporada de Acidentes, resenha

Temporada de acidentes
Titulo:
Temporada de Acidentes
Autor: Moïra Fowley-Doyle
Ano: 2016
Páginas: 256
Editora: Intrínseca
Sinopse:Guardem as facas, protejam as quinas dos móveis, não mexam com fogo.
A temporada de acidentes vai começar.

Acontece todo ano, na mesma época. Todo mês de outubro, inexplicavelmente, Cara e sua família se tornam vulneráveis a acidentes. Algumas vezes, são apenas cortes e arranhões. Em outras, acontecem coisas horríveis, como quando o pai e o tio dela morreram. A temporada de acidentes é um medo e uma obsessão. Faz parte da vida de Cara desde que ela se entende por gente. E esta promete ser uma das piores.
No meio de tudo, ainda há segredos de família e verdades dolorosas, que Cara está prestes a descobrir. Neste outubro, ela vai se apaixonar perdidamente e mergulhar fundo na origem sombria da temporada de acidentes. Por que, afinal, sua família foi amaldiçoada? E por que não conseguem se livrar desse mal?
Uma narrativa sombria, melancólica e intensa sobre uma família que precisa lidar com seus segredos e medos antes que eles a destruam.

ps: foto de capa pertence a intrínseca.

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