Quando eu terminei esse livro a única exclamação que eu conseguia proferir era: CARALHO!
Esse foi um livro que me fez ir dormir com a minha mãe, não por medo, mas por outra coisa.
Uma Duas, conta o drama da relação de mãe e filha. Duas mulheres criadas de uma forma não aconselhável se tornaram quase inimigas de guerra, uma empurrando a outra ao extremo. Mas o que tem ali no meio? Amor? União? Uma conexão tão ancestral que nem todas as suas versões feias e podres poderá apagar?
Eu fiquei transtornada em como esse livro não é comentado e compartilhado da forma que merece. Eliane Brum é uma jornalista que nos entrega um livro intimista, que apesar de curto é muito bem escrito e profundo. Tantas nuanças em diálogos e sentimentos que eu fiquei impactada com a qualidade.
O enredo principal é sobre uma mãe, idosa, que sofreu um colapso e foi encontrada apodrecendo, mas viva, em seu apartamento. Sua única filha e parente vivo acha aquilo suspeito, essa senhora que parece debilitada não é nem de longe a mulher cruel que ela conhece. O que está acontecendo, que movimento é esse da mãe? E o mais importante o que a filha vai fazer a respeito?
Me fez sentir na pele essa relação confusa e insana de mãe e filha. Todos os problemas, todo o sufoco. Toda a situação que foge de tudo que ja lemos sobre mãe e filha. Quase um terror psicológico e angustiante onde trabalha bem a dor, morte, ódio, maternidade, o feminino e amor.
Personagens antagônicos que são principalmente feios, cheios de ruindade mas que mesmo assim sabe passar mensagens enormes e um sentimento de amor grande.
Eu indico esse livro para todas as filhas e filhos, todos que tem interesse em observar um lado não tão belo da faceta humana, mas não menos intenso e cheio de coisas boas.